quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O depois do fim.


O depois do fim.

Bom dia a quem lê, e a quem usa o site. Para quem me conhece sabe que eu tenho um pai que precisa bastante estar se deslocando de estado para estado em função da profissão, e eu sem muita escolha -confesso- preciso acompanhá-lo.Quando recebi a notícia que estaria vindo para Brasília-DF publiquei o texto “ Isso não é um adeus, porém um até logo”(http://parolasavi.blogspot.com/2009/01/isso-no-um-adeus-porm-um-at-logo.html); e agora, quatro ou cinco meses depois de chegar em Brasília,tudo muda, indiferentemente pra quem assiste mas,indiscutivelmente para mim.

O depois do fim.

Tudo começou sexta-feira, 16 de janeiro de 2009 “filha, nós não vamos mais continuar aqui... não conte a ninguém, mas estamos indo para Brasília”, desde aquele dia, foi como se tudo que eu vivesse, ia acabar para sempre, durando apenas o tempo do meu sorriso dar lugar à esperança de ficar. Era impressionante o como uma festa poderia ser tão animada durante as primeiras horas, até algo me fazer lembrar que “podia ser a última festa” e aquele medo voltasse ao meu peito, medo de um lugar novo, de um clima novo, medo de perder quem eu amo. A ultima semana foi a pior! Saber que você está indo embora de um lugar, já é horrível, mas saber o dia e a hora certa que você vai embora torna tudo mais doloroso, torna tudo como “ultima coisa”, ainda me lembro de todas as lágrimas que foram derramadas, não só por mim, mas pelo meu namorado e meus amigos, me lembro de quando contei a meu namorado que eu estava indo embora,e não quero esquecer. Chega o ultimo dia, quase sem perceber já é hora de ir embora, só queria ficar mais, só queria mais algumas horas,decido esconder minha RG, era a única maneira de eu não embarcar naquele avião e dito e feito! Escondi a carteira dentro da minha impressora, e não viajei, pelos menos não naquele dia, a viajem foi adiada por mais exatamente 22 horas, passadas claro com meu namorado, brincando pelas ruas do meu Recife, gritando alto que era ali o meu lugar,extravasando toda minha tristeza, mas infelizmente não foi o bastante, eu ainda deveria embargar e deixar tudo aquilo, para trás.

Enfim, cheguei. Cá estou eu em Brasília a viajem foi péssima, não parei de chorar nem que seja por um minuto, como já estava planejada, minha primeira palavra quando cheguei aqui foram: “quero muito ir embora” minha mãe logo respondeu “é minha filha, agora é começar com o pé direito nossa nova vida”, não deu uma semana e eu já estava matriculada e estudando num novo colégio, que eu não tive oportunidade de conhecer previamente, mas entrei com o pé direito, em uma sala estranha que ninguém foi muito receptivo, tantos rostos estranhos olhando em minha direção, como se quisesse saber quem eu era apenas com o olhar, alguns menos acanhados viam me perguntar de onde eu era, porque estava ali, e como eu me chamo, coisas que agente quer saber de quem de certa forma invade seu território, e assim estão sendo todos os meus dias, indo para o colégio que ainda não é meu, convivendo em uma sala que não é minha, conversando com amigos que não são meus, usando uma cidade que não é minha,invadindo um território. Ainda estou presa ao meu mundo, a minha cidade, ainda ligando todos os dias para meu namorado para perguntar como está a vida em Recife. Quando me acontece algum problema, tudo que mais preciso é de um ombro amigo, mas, estando em um lugar diferente onde não se conhece ninguém, o ombro amigo mais próximo é distante demais. Como se já não me bastasse ter de aprender a conviver em um lugar que eu não gosto, ainda existem pessoas que relutam em me receber, que preferem abandonar a acolher em um grupo,na verdade não as culpo, o novo assusta, não só a mim, mas a quem de certa forma, é obrigado a conviver com ele.

Estranhamente, em plena sexta-feira à tarde minha mãe com a mesma indiferença que ela teve ao me contar que estaríamos indo embora, diz que ela não agüentava mais essa nova vida, e estava voltando,ainda sugere que eu volte com ela. Nada me vem à cabeça quando ela afirmou que me deixaria, que desistiria,e ainda sutilmente ela me deu o direito de escolha, de voltar para minha terra, ou de continuar aqui com meu pai. Meu primeiro impulso foi arrumar as malas e decidir “estou voltando”, mas mais calmamente acabei me recordando que eu sofri muito para sair da minha terra, sofri demais para chegar aqui e simplesmente ir embora, não dei a chance de me deixar agradar, de que teria adiantado tantas lágrimas para vir se eu nem deixei que essa nova vida me encantasse. Não adianta fugir do desconhecido,eu não perderia nada ficando, pelo contrário, quem sabe eu não possa até ganhar com esse novo estilo de vida. Perdendo ou não, eu fico. Porque sei quem me ama há de me esperar. Fácil não é, a saudade cada vez mais me grita.

“O medo de perder, é pior que a própria dor de ter perdido”.