domingo, 12 de julho de 2009

Pseudoromântismo.


Boa noite; Cansei de tornar esse blog um aparato de consultas didáticas. Pego um espaço para torná-lo agora um aparato sentimental. Não, esse texto não tem nenhuma ligação real com minha vida pessoal, ou com a vida pessoal de qualquer pessoa, são apenas histórias dessa mente já tão insana.

- Pseudoromântismo.

Todos os animas se apegam afetivamente, seja lá um cachorro quando caí de amores por seu osso, ou um macaco por sua companheira. Mas ,só o “ser-humano” é capaz de se apaixonar, é capaz de se entregar a essa deliciosa aventura chamada amor. E, quem diria que logo o ser mais racional, dotado de inteligência e no topo da cadeia alimentar deixaria se entregar por um sentimento tão perigoso e as vezes irreal. Segue então a história de um adolescente que decidiu se arriscar nesse campo minado. ( História real )

(Carta de um rapaz apaixonado, hoje em um pequeno presídio)

"E eu sentado na janela de minha casa... Olhando a rua, as pessoas, os carros, algo que eu fazia toda à tarde. Foi quando uma determinada pessoa magnetizou meu olhar. Foi à primeira vez que a vi.

Lembro-me desse momento como se fosse agora. Ela estava com uma blusa vermelha, uma calça preta, e seus cabelos castanhos voavam com o vento. Linda! Como nunca eu havia visto. Talvez tenha sido amor à primeira vista, não sei.

Ela passou, olhando para frente, orgulhosa. Não me viu, mas eu a vi, até o momento em que ela entrou em sua casa. Ela era minha nova vizinha!

Fiquei confuso, pois eu, um rapaz de apenas 18 anos, que vivia a vida como louco, sem medo das conseqüências dos atos, eu estava me sentindo inferior àquela moça frágil que passou pela minha frente. Eu não estava entendendo, eu estava com medo, eu estava feliz!

Depois que ela entrou em sua casa, não tirei os olhos de lá, esperando que ela aparecesse. Mas ela não saiu de casa, e eu não saí da janela!

Fechei a janela e entrei. Já era tarde, eu estava com fome, com sono, e até com vontade de ir ao banheiro. Mas ela não saiu da minha cabeça. Fiz tudo que precisava e fui deitar. Liguei uma música, tentei dormir, mas ela não saía da minha cabeça, eu estava muito curioso para saber quem era aquela garota linda e encantadora que estava morando na minha rua. Uma hora, duas horas, três horas, e eu não conseguia dormir. Nunca havia acontecido algo assim comigo. Só peguei no sono depois das cinco horas. Sorte minha que era domingo!

Acordei uma hora da tarde, tomei banho, fui para o quarto, eu nem lembrava da garota! Foi quando eu saí do quarto e fui até a sala e eu a vi, na sala da minha casa, conversando com minha irmã. Eu fiquei assustado de certo modo. Fui até a cozinha e perguntei a minha mãe quem era a garota que estava conversando com Julie, minha irmã. Ela disse que era a filha dos padrinhos de Julie que haviam se mudado para a rua.

Eu só a conheci quando ela tinha cinco anos de idade. Eu não me lembrava da pequena Jéssica. A menininha chata e arrogante que atordoava a minha vida. E que eu odiava.

Fui até o quintal, cumprimentei os pais dela. Fui até a sala, fui direto a ela, olhei em seus olhos azuis brilhantes e disse “Oi!”, ela respondeu o meu cumprimento e completou:

“Você é patético!”.

Eu ri, e ela me olhou séria. Eu pensei que ela estivesse brincando, mas ela me olhou com nojo, virou a cara e voltou a falar com a minha irmã. Eu realmente fiquei sem entender nada.

Minutos depois chegaram dois amigos meus, Jonathan e Victor. Me “convocando” para sair com o pessoal. Eu fui. Contei a eles sobre a garota. Eles acharam tudo uma idiotice, o que realmente era verdade! Bebi muito naquele dia, tentando descobrir o porquê de ela ter me tratado daquela maneira! Cheguei em casa, deitei e dormi.

Conseqüentemente faltei aula. Quando acordei perguntei a minha irmã o porquê daquele tratamento que a Jéssica teve comigo. Ela riu e disse:

“Nada não! Só falei um pouco de você para ela...”.

Naquele momento meu maior desejo era matar a minha irmã.

Não adiantava eu falar com Jéssica, ela não queria falar comigo, só por aquelas besteiras que minha maldita irmã falou!

Mas era infantil da parte dela não querer me ouvir. Parecia que minha “fama” de cafajeste era doença contagiosa!

E a cada dia que passava aquela sensação estranha aumentava. Eu não conseguia mais beijar ninguém. Eu não saía de casa. Eu só pensava nela, em beijá-la, abraçá-la, olhar em seus olhos e dizer “Eu te amo”, amaciar seu cabelo, só isso, não precisava mais nada.

Eu ligava para ela, ouvia a voz dela dizendo “Alô!” E desligava. Eu não conseguia falar com ela. Era estranho, logo eu que sempre fui tão atrevido, sem medo dessas coisas! Sempre era assim.

E foi assim por seis meses. Até o dia em que decidi falar com ela. Foram seis meses de preparação para me declarar sem nem saber se eu era correspondido! Ela estava passando em frente a minha casa, chamei por seu nome, e ela fingiu não ouvir. Fui até onde ela estava e puxei-a para dentro de minha casa a força. Fui covarde, mas eu estava desesperado!

Olhei para ela, quase não tive coragem de dizer, meus olhos lacrimejaram. E eu comecei a dizer:

“Pareço idiota! Aliás, sou idiota! Perdoe-me por isso, eu não escolhi, mas eu sinto algo muito forte por você, eu só quero que você entenda, não precisa dizer que sente o mesmo, pois eu sei que não sente, só entenda! Estou desesperado! Com medo! E louco por você! Jéssica eu realmente te amo!”.

Ela me olhou com ódio, mas ao mesmo tempo com dor! Era como se ela sentisse ódio de algo, que não era eu. E dor por ouvir aquilo! Ela pediu para ir embora, eu abri a porta e a deixei sair. Ela saiu, olhou para trás e disse: “Desculpa, não é você, sou eu!”,

E foi...

Eu não entendia nada mais. Fiquei cuidando ela até entrar em casa. Foi quando vi algo estranho, seu pai a pegou com força pelo braço e puxou para dentro de casa. Eu pensei naquela cena por dias. Pois não a vi mais.

Eu estava totalmente diferente, totalmente inferior, totalmente isolado, totalmente esquecido por todos. O amor chegou a mim com muita força e me derrubou. Eu sofri muito!

Alguns dias depois recebi uma carta. O papel estava sujo e a letra estava tremula. Era da Jéssica. Era uma pequena carta:

“Alex, dói muito escrever algo assim, eu sei que você gosta de mim há muito tempo, também gosto de você, mas eu não poderia levar isso em frente. Estou com muitos problemas. É meu pai. Ele me trata diferente. Você me entende? Eu não suporto mais. Minha mãe não acreditou em mim, tive medo de contar para outras pessoas. Você é a primeira pessoa que ficará sabendo disso. Por favor, não me julgue pelo que fiz, não é minha culpa, mas era a única forma de escapar disso tudo. Eu não quis me envolver com você porque meu pai não poderia ficar sabendo, senão ele me matava. Prefiro eu acabar com a minha própria dor. Não se esqueça de mim. Amei-te muito! Perdoe-me! E me entenda! Adeus!”.

Eu não estava conseguindo entender! Eu não estava acreditando! Naquele mesmo momento minha irmã chegou em casa chorando.

Haviam encontrado Jéssica, em seu quarto, com uma corda em seu pescoço, morta!

A primeira coisa que senti foi dor, a segunda foi ódio! Fui até a cozinha, peguei uma faca, a maior, e fui até a casa de Jéssica. Jéssica estava lá! Mas o ódio era maior que a dor! Chorando, cheguei até o pai dela, e acertei. Foi por instinto! Eu não conseguia parar de acertar ele. Ninguém conseguia me parar. Eu tinha muito ódio! Eu a amava!

Ele morreu, estou numa cela, mas não estou arrependido, fiz o que deveria ter feito!

A carta não modificou a minha pena. Mas isso não importa! Ela já se foi. E eu ainda não a esqueci! E nunca esquecerei da última vez que a vi, e da última coisa que me disse “Desculpa, não é você, sou eu!”, essa frase se repete várias vezes em minha cabeça.

A linda garota dos cabelos castanhos ao vento e dos olhos azuis brilhantes que tinha sentimentos secretos que ninguém sabia! A linda Jéssica! Já se foi!"

...

Ilustrado o quão o amor pode ser um sentimento impiedoso e às vezes obtuso, pergunto agora quem nunca se entregou ao risco desse sentimento e simplesmente amar? Pois é...Como já dizia o poeta, “rapadura é doce mais não é mole não”.Posso garantir por experiência própria que de todos os prazeres esse –de amar– é o maior e melhor possível, pena que... Com todo esse doce, vem junto uma responsabilidade enorme de brincar com algo que não é só seu, mais de duas pessoas que se colocam em uma só.

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